A Campanha Abril Azul também busca visibilidade para a questão do autismo no mês todo.
O Transtorno do Espectro Autista é uma condição de saúde caracterizada pelo déficit em comunicação social e comportamento. Como o nome sugere, é um espectro, podendo se manifestar de formas e níveis diferentes em cada indivíduo.
É importante se informar sobre o autismo para não reforçar preconceitos e promover a inclusão das pessoas autistas.
O TEA é um transtorno do Neurodesenvolvimento. Isto significa que a criança já se desenvolve, no útero materno, com um cérebro estruturado e organizado de maneira diferente, o que acarretará as diferenças e dificuldades que observamos ao longo de seu desenvolvimento.
O TEA é uma condição permanente, a criança nasce com TEA e torna-se um adulto com TEA. Os pesquisadores e os especialistas de todas as áreas têm trabalhado muito a fim de encontrar explicações e soluções plausíveis para o TEA. Contudo, todos os tratamentos até agora minimizam as dificuldades, não as curam. Mesmo porquê, o TEA não é uma doença a fim de que seja curada.
Os tratamentos favorecem o desenvolvimento de habilidades e o desenvolvimento global, dentro das possibilidades de cada criança. Por isso, precisamos ficar atentos às falsas promessas de cura! Não há medicação nem outra conduta que cure o TEA!
Quais profissionais podem ajudar no tratamento do TEA?
Como o TEA é um transtorno complexo e cada pessoa com TEA reage diferente das demais, é necessário buscar profissionais com experiência, que tenham uma boa formação e saibam realmente lidar com este transtorno. A depender dos sintomas da criança, pode ser necessário apoio de um Psicólogo, Neuropsicólogo, Fonoaudiólogo, Terapeuta Ocupacional, Psiquiatra, entre outros profissionais. O diagnóstico deve ser feito por equipe interdisciplinar, a qual deve orientar a família sobre o tratamento e quais profissionais poderão ajudar a criança.
Mas caso não haja equipe multiprofissional em sua cidade, um especialista experiente pode iniciar o processo, favorecendo o desenvolvimento da criança em termos de tempo. Quanto mais rápido a criança for encaminhada para reabilitações necessárias e adequadas, melhor será seu desenvolvimento.
Qual profissional pode auxiliar a lidar com os comportamentos inadequados?
Os comportamentos inadaptados no TEA (Transtorno do Espectro Autista) podem ser modelados de maneira a diminuir ou, até mesmo, extinguir sua ocorrência. A Terapia Comportamental trabalha modelando os comportamentos de tal forma a melhorar a inserção social da criança ao seu meio, bem como auxilia os familiares a lidar com essas questões.
Crianças e familiares de pessoas com TEA se beneficiam muito com o acompanhamento em Psicologia Comportamental. Este é o profissional qualificado que ajudará a família a entender quais são os comportamentos típicos do TEA, poderá orientar à família sobre como lidar, o que precisa ser reforçado, o que precisa ser extinto, como lidar com as birras, dentre outras questões comportamentais). Em caso de alterações comportamentais, procure sempre um Psicólogo!
Como ocorre o desenvolvimento da pessoa com TEA ao longo da vida?
O TEA não é um transtorno degenerativo, sendo comum que aprendizagem e compensação continuem ao longo da vida. Os sintomas são frequentemente mais acentuados na primeira infância e nos primeiros anos da vida escolar, com ganhos no desenvolvimento sendo frequentes no fim da infância pelo menos em certas áreas (p. ex., aumento no interesse por interações sociais). Uma pequena proporção de pessoas apresenta deterioração comportamental na adolescência, enquanto uma outra parcela melhora.
Apenas uma minoria de pessoas com TEA vive e trabalha de forma independente na fase adulta; aqueles que o fazem tendem a ter linguagem e capacidades intelectuais superiores, conseguindo encontrar um nicho que combine com seus interesses e habilidades especiais. Mas é muito importante que todos eles criem independência e autonomia, dentro de suas possibilidades de desenvolvimento.
Em geral, indivíduos com níveis de prejuízo menores podem ser mais capazes de funcionar com independência. Mesmo esses indivíduos, no entanto, podem continuar socialmente ingênuos e vulneráveis, com dificuldades para organizar as demandas práticas sem ajuda, mais propensos a ansiedade e depressão.
O apoio da família, o início de tratamento na infância e o acompanhamento por equipe interdisciplinar são fatores que favorecem o desenvolvimento e autonomia das pessoas com TEA.
*Valeska Magierek. Formada em Psicologia pela UFSJ, com especialização em Neuropsicologia pela FUMEC e mestrado em Psicobiologia na Escola Paulista de Medicina (UNIFESP); atua há mais de 20 anos na área de Psicologia Infantil e Neuropsicologia; é diretora clínica do Centro AMA de Desenvolvimento em Barbacena.